Atividades se juntam e aprofundam debate sobre machismo na mídia independente e comunitária
O segundo dia dos Jogos da Exclusão começou unificando duas atividades. O debate sobre Comunicação Comunitária e Independente no contexto dos Megaeventos se somou a mesa programada para debater Machismo na esquerda e no midiativismo. Assim, a Associação Mundial de Rádios Comunitárias e a Marcha das Vadias ampliaram as possibilidades do debate e o resultado da conversa demonstrou a necessidade da questão do machismo sair da invisibilidade, superar as resistências nas mídias comunitárias e alternativas e, principalmente, garantir que as mulheres possam exercer plenamente seu direito à militância em movimentos sociais e de mídia.
Um midiativista perseguindo a ex-companheira na Marcha das Vadias sob a justificativa de que estava fazendo imagens do evento e se recusando a sair do espaço a pedido das participantes. Soma-se a isso o fato de haver uma medida protetiva que o impedia de se aproximar da ex-companheira por tê-la agredido. Esse fato é real e foi um dos grandes motivadores expostos pelas organizadoras da Marcha das Vadias para inserir o tema na programação dos Jogos da Exclusão. Essa e outras atitudes que geram constrangimentos para as mulheres participarem de espaços políticos foram levantadas. As táticas de silenciamento também tiveram seu lugar, dentre elas o rótulo de “loucas” para as que questionam os padrões masculinos e heteronormativos dos espaços. A conseqüência vivenciada por toda essa estrutura que perpassa tais espaços tem sido perceptível no grande número de mulheres que adoecem por conta da pressão e assédio que vivem e uma dificuldade imensa de expor as opressões nos espaços que frequentam.

Denise Viola, da Rede de Mulheres da Amarc Brasil (Foto: Pedro Martins/Canal Ibase)
No âmbito da comunicação comunitária, Denise Viola, da Amarc, reforçou a importância desses veículos e principalmente de as mulheres ocuparem os espaços nessas mídias. Denise lembrou ainda que a grande mídia também desqualifica constantemente movimentos feministas, como a Marcha das Vadias, espetacularizando determinadas questões e invisibilizando suas pautas centrais. Por conta disso, a importância da mídia independente e comunitária ter o olhar das mulheres e de suas diversas demandas políticas é fundamental para transpor as barreiras impostas pela patriarcalismo.
Uma das questões perceptíveis na atividade foi a baixa presença de homens presentes. Segundo uma das participantes, ao tentar convidar companheiros homens muitos respondiam que não tinham como contribuir com o debate, e a resposta dela era direta: “Mas ainda não ficou proibido ir para aprender!”.