“Cabral tem soberba política”
Camila Nobrega e Rogério Daflon
do Canal Ibase
O governador Sérgio Cabral divulgou um comunicado defendendo a ação da Polícia Militar frente ao protesto realizado nesta quinta-feira a noite (4/7) na frente da sua própria residência, no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro. No comunicado, ele afirma que “a PM esteve presente e se comportou de forma pacífica para garantir a manifestação e somente agiu depois que as agressões se tornaram insustentáveis”. Na manhã desta sexta-feira, o policiamento foi reforçado no local.
O cenário descrito pelo governador não parece, no entanto, o mesmo vivenciado por quem esteve presente na manifestação. O ato começou por volta das 18h e seguiu de forma pacífica até às 23h, quando começou o confronto entre policiais e manifestantes. Algumas pessoas que estavam na linha de frente dizem terem visto algo voar na direção dos policiais (um objeto branco, que seria um papel ou ovo). Depois disso, a repressão que se seguiu foi, mais uma vez, absolutamente desproporcional.
As cenas repetiram um pouco do que ocorreu também no último domingo, durante manifestação realizada pouco antes do início do jogo do Brasil na Copa das Confederações. A reportagem do Canal Ibase estava nos dois locais e acompanhou a reação da polícia. Ontem, em frente à casa do governador Sérgio Cabral, a avenida Delfim Moreira também se transformou em mais um campo de guerra. Mais de dez bombas de gás lacrimogêneo chegaram a ser lançadas em um intervalo de apenas dois minutos. De um lado, policiais protegidos por escudos, capacetes, coturnos e roupas próprias para combate. Do outro, muitos estudantes jovens de mochila nas costas, portando cartazes de protesto.

Confronto entre polícia e manifestantes em frente à casa do
governador Sérgio Cabral. Foto: Camila Nobrega
A polícia utiliza bombas de efeito moral, gás de pimenta e balas de borracha em atos que não apenas dispersam a multidão, mas também encurralam as pessoas. Foi o que ocorreu ontem, quando bombas foram lançadas inclusive na areia, sobre manifestantes que haviam buscado fugir dos ataques no asfalto. Mesmo bem próximas ao mar, pessoas que queriam apenas sair do local tiveram que se desvencilhar dos artefatos. A mais de 500 metros de distância dos policiais, as bombas continuavam chegando aos pés dos manifestantes que corriam. É o que mostra o vídeo abaixo, filmado pelo site A Nova Democracia. Eles acompanharam de perto o confronto.
Integração perversa
A cientista política Sônia Fleury, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), classificou a postura do governador Sérgio Cabral como autoritária.
– Não é à toa que o Rio é o único estado em que as pessoas estão acampando em frente à casa do governador. Isso ocorre porque ele age com uma soberba política inaceitável numa democracia. O processo de exclusão dele não é achar que o outro é inferior, mas sim agir como se o outro sequer existisse.
Segundo ela, até mesmo a mídia tradicional foi obrigada a exibir imagens que comprovam os excessos cometidos pela Polícia Militar no Rio.
– Sérgio Cabral conseguiu fazer uma integração pelo lado mais perverso: o de tratar as pessoas no Leblon como trata nas favelas, com uma extrema brutalidade – afirmou, completando: – Enquanto isso, as pessoas querem respostas. Por que o caso do Cavendish não deu em nada, por que não há explicação sobre o fato de a mulher de Cabral ser advogada de concessionárias na área do transporte? E por que as obras do metrô estão custando tão caro aos cofres públicos?
O movimento Ocupa Cabral, montado em frente à casa do governador, tem exatamente como principais objetivos a reabertura da investigação do caso da Delta Construções (do empresário Fernando Cavendish), uma audiência para investigar os gastos excessivos na obra do Maracanã (orçado em R$ 500 milhões, mas que custou mais de R$ 1 bilhão e 500 milhões) e uma explicação da relação que a mulher do Cabral tem com os grandes empresários do setor de transporte público (já que ela é advogada de empresas como Metro Rio e Super Via, ambas por concessão, o que seria ilegal).
Ricardo Castro
6 de julho de 2013 @ 12:14
Também venho mostrando a soberba do nosso governador já há algum tempo, ele fala sobre as pessoas de maneira inconcebível, não é possível que recebamos esse tipo de tratamento de um governador. Altamente envolvido com milionários de diversos setores, deliberando de forma torpe, como no caso da mansão de Luciano Huck, sua parceria com Ike Batista,como também as decisões judiciais conseguidas por sua esposa num flagrante tráfico de influências e sabe-se lá o que mais. Não é mais cabível no Brasil que esses desmandos continuem, afinal por que haveremos de cumprir as leis se nossos governantes fazem dela o que bem entendem?
ANTONIO
6 de julho de 2013 @ 12:21
ESSE GOVERNADOR, ASSIM COMO O PREFEITO EDUARDO PAES, SÃO DOIS ENGANADORES.
NÃO ESTÃO AÍ PARA FAZER UM GOVERNO VOLTADO PARA O POVO, E SIM PARA AS ELITES E SEUS AMIGOS.
AJA VISTA QUE O SETOR DE TRANSPORTE É SEMPRE BENEFICIADO POR ELES, INCLUSIVE O SOGRO DE SÉRGIO CABRAL É DONO DA METADE DAS EMPRESAS DE ONIBUS DO R.J, O SENHOR JACÓ BARATA.
E A ESPOSA DO GOVERNDADOR É ADVOGADA DO SETOR DE TRANSPORTE.
VOCÊS ACHAM QUE VOTANDO NO PEZÃO AS COISAS IRAM MUDAR, SERÁ A CONTINUAÇÃO DESSE MAL GOVERNO.
GASTOU-SE MAIS DE UM BILHÃO DE REAIS PARA A REFORMA DO MARACANÃ, PARA O GOVERNADOR ENTREGAR AO SETOR PRIVADO,IMPOSSIBILITANDO OS JOGOS DOS CLUBES NO ESTÁDIO DO MARACANÃ QUE ERA PÚBLICO.
UMA GRANDE NEGOCIATA.
Rosa Lima
6 de julho de 2013 @ 21:30
Parabéns pela matéria!
Rogério, fico feliz de saber que vc está no Canal Ibase. E me coloco a disposição para colaborar também. Um grande abraço!
rosy rosalina scapin
7 de julho de 2013 @ 02:33
A pouca importância que TODOS os poderosos deste país dão às leis e à voz do povo é a mesma que os antigos fazendeiros davam aos seus escravos. As milicias dos “coronéis” são a origem das nossa policias estaduais. Em resumo, agem como os antigos capatazes.
TULZA CAVALCANTI
8 de julho de 2013 @ 01:27
Nossos políticos na sua maioria trazem consigo o ranço dos anos ditatoriais, assim como a nossa mídia… observando-se que todo movimento, foi visto e mostrado com ênfase nos ” transgressores agressivos” e as centenas de milhares que formaram as grandes multidões nas ruas, se bobiássemos, teriam sido descaracterizadas…Se a pressão popular não permanecer ativa, apesar de tudo que já ficou registrado na na história desse país, nos últimos dias, perderemos… “eles”, nosso governantes não vão permitir mudar, vão nos testar até que cansem…e nós não poderemos cansar…
claudio
8 de julho de 2013 @ 17:15
Não podemos esquecer que os Suns Culotte fizeram uma revolução grandiosa e o povo contrariado se volta até contra Deus, que dirá contra Cabral e Paes! Basta chegar a hora e dar um basta… A realeza francesa comia croissant e bebia leite de cabra e povo nem pão para comer tinha… o povo brasileiro não está muito longe desta realidade, pois morre-se por falta de recursos medicos básicos!!! Nenhum exército nunca será mais forte que um povo revoltado…