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Criminalização do Funk: perseguição e preconceito

Criminalização do Funk: perseguição e preconceito

31 de julho de 2017

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por Dennis Novaes, Antropólogo, doutorando em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ e mestre pela mesma instituição.

Recentemente uma ideia legislativa conseguiu mais de 20 mil votos no site do Senado e, por consequência, o direito de ser avaliada pelos parlamentares. O proponente, Marcelo Alonso, defende que o funk seja criminalizado por se tratar de uma “falsa cultura” que configura “crime de saúde pública”. Apesar do conteúdo risível do texto e da pequena quantidade de votos – quando comparada a 1 bilhão de visualizações de um canal como o Kondzilla, por exemplo – a proposta reacendeu um debate já antigo em torno do maior gênero musical do Brasil contemporâneo. Os bailes funk foram perseguidos pelos agentes estatais de repressão e por setores da mídia corporativa antes mesmo que os primeiros funks nacionais fossem gravados. As arbitrariedades sofridas pelo Movimento Black Rio ainda na década de 70, ou os bailes de clubes na década de 80 mostram que a questão nunca foi o conteúdo que está sendo cantado, mas quem produz e consome arte.

Não é à toa que se reserva ao funk esta voraz perseguição. Conhecemos, ou deveríamos conhecer muito bem o racismo vigente em nossa sociedade, que permeia e permeou a perseguição às principais manifestações culturais da população negra e pauperizada. Foi assim com o samba e agora com o funk. O Brasil vive desde o século XIX – com variações de intensidade ao longo do tempo – o que o sociólogo francês Louïc Wacquant viu como uma novidade na Europa neoliberal: um processo de criminalização da pobreza no qual “a mão invisível do mercado” tem como contraponto “os punhos de ferro do Estado”. A receita é simples. As elites econômicas seguem extraindo seus lucros de uma população mal paga e privada em diversos níveis de seu acesso à cidadania. Um sistema tão desigual gera insatisfações e revoltas que descambam para altos índices de violência urbana e insegurança social. É nesta hora que entra o Estado – o mesmo que não deu garantias mínimas de sobrevivência à maior parte da população trabalhadora: para encarcerar e exterminar aqueles que não aguentaram viver sob condições tão opressoras. A virulência com que se voltam para o movimento funk não tem a ver com sua temática, nem com uso de drogas nos bailes, ou qualquer outro elemento presente em diversos segmentos da nossa sociedade. Ela se fundamenta no ódio à população que a produz, em sua maioria negra e favelada.

Baile funk na Rocinha, 2008 – Fotos: BALAZS GARDI/CREATIVE COMMONS

Tomemos como exemplo a Cidade de Deus, favela onde tenho convivido intensamente há 7 meses para realizar minhas pesquisas. Os tiroteios ocorrem praticamente todos os dias, na maioria das vezes por conta de embates entre a polícia e os varejistas de drogas ilícitas nesta guerra aos pobres disfarçada de guerra às drogas. Numa conjuntura como essa, a rua, espaço principal de interação entre os jovens, passa a ser temida. Não que a casa seja um lugar seguro, já que pode ser alvejada por uma bala a qualquer momento. Em meio à desesperança, um cubículo de 6 metros quadrados abriga cerca de 7 adolescentes em torno de um computador. Tenho certeza que a maioria dos leitores consideraria os complexos gráficos que eles observam na tela tão indecifráveis quanto um hieróglifo. Mas aqueles jovens se divertem, brincam, dominando um complexo léxico de formatos, páginas na internet, conversão de arquivos e outros detalhes que compõe a produção musical hoje. Eles estão ali há 7 horas com breves pausas para um lanche e provavelmente se estenderão por um longo tempo. A missão? Produzir 3 minutos de uma música que pode ser o próximo hit, povoando o imaginário de uma geração inteira não só de brasileiros, mas também de chilenos, colombianos, argentinos, etc. O funk já superou há bastante tempo o Brasil, que fica cada vez menor para estes jovens. O movimento funk tem cidades inteiras para defende-lo.

Minha pesquisa de mestrado girou em torno do proibidão, subgênero do funk carioca que versa sobre o cotidiano do universo da criminalidade. Sem dúvida é um dos gêneros que mais sofre com a perseguição de diversos setores da sociedade. Não cabe dizer que esta musicalidade é, como afirmam os operadores da lei e a mídia corporativa, uma forma de apologia ao crime feita por criminosos. Falamos de músicas que possuem milhões de visualizações no Youtube, entusiastas não só nas favelas, mas nas camadas médias e altas. Isso não é surpresa quando olhamos para o sucesso de filmes como Tropa de Elite e Cidade de Deus. As narrativas de violência estão por toda parte. Cabe a pergunta já feita por Adriana Facina: quem tem medo do proibidão? Tendo em vista que os produtores, atores e diretores dos filmes citados não foram presos nem perseguidos, podemos perceber que o problema não é o que está sendo dito, mas quem está dizendo. Quando se prende um MC ou DJ por apologia ao crime o que se busca é silenciar aqueles que cantam e narram as agruras de seu cotidiano. Tapar suas bocas para que aguentem calados todos os sofrimentos pelos quais não escolheram passar. Estes jovens transformam a dor em arte dançando com maestria pelos entrelugares de um cotidiano militarizado. E isto é uma arte. Em 2015, numa entrevista concedida a mim, o MC Cidinho – da dupla Cidinho e Doca – resumiu de forma poética o que tento abordar neste breve texto:

O sucesso pra mim não foi um sonho realizado. Eu passei a saber o que era sonhar depois que eu virei cantor, entendeu? Porque antes meu sonho era acordar vivo. Porque ser morador da Cidade de Deus, dos meus 14 pra cima o bagulho já era doido. Então eu ficava pensando assim “caramba, será que eu vou ter família? Será que eu vou ter filho um dia? Será que eu vou ter carro? Será que vou ter uma casa? Como será que vai ser minha vida? Será que vou ter que fazer igual o meu pai, todo dia acordar cedinho? Às vezes eu nem vejo o meu coroa, ele já foi trabalhar” Aí eu ficava pensando como que ia ser minha vida. Depois que eu virei cantor não, aí eu soube o que era sonhar. E quando eu percebi como ia ser o meu futuro eu decidi não mudar a trajetória. Procurei fazer com que aquilo ali se estendesse a cada 24 horas. Quero tá tocando, quero me afastar disso aqui se não eu posso tomar um tiro, posso ser preso, quero me afastar daquilo ali…então o que que acontece? Um belo dia eu me vi o Cidinho do Cidinho e Doca.

 

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