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Crise traz oportunidade de novo paradigma

23 de novembro de 2012

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Natália Mazotte
Canal Ibase

Com uma taxa de desemprego que atinge mais de 25% da população ativa, a Espanha vive uma crise que tem trazido cada vez mais ebulição social ao país. O movimento pela autodeterminação da Catalunha ganha força enquanto novos movimentos sociais autônomos, como o 15M, despontam nas praças e nas redes. Para o sociólogo catalão Carlés Riera, é preciso aproveitar o momento, favorável às práticas que podem apontar reais alternativas ao capitalismo.

“O desafio está, contudo, em conciliar o caráter cada vez mais global das necessidades trazidas pelo atual sistema econômico, que exigem uma proposta comum, com a diversidade de movimentos, que não pode ser ignorada”, alerta Riera.

Presidente da Fundación Desarrollo Comunitario e vice-presidente da CIEMEN, instituição de pesquisa, promoção e proteção dos direitos coletivos dos povos, o sociólogo participou da VI Plataforma Ibase, evento que reuniu representantes de movimentos sociais para debater a luta em prol do bem viver. Na ocasião, ele conversou com o Canal Ibase sobre a crise europeia e as dificuldades para se chegar a um novo paradigma civilizatório.

Canal Ibase: Como você começou a militância nos movimentos sociais?

Minha formação é como sociólogo, comecei a militância  na Catalunha, onde sempre participei ativamente dos movimentos de esquerda e nos movimentos pela autodeterminação de meu país. Nunca até hoje participei diretamente na política institucional, em partidos políticos. O meu trabalho tem sido na sociedade civil ou nos movimentos sociais, há 20 anos trabalho na fundação Desarollo Comunitario, que é uma organização bem parecida com o Ibase em seus objetivos e temas. Há um tempo também trabalho em outra ONG, que se chama SIEME, que sempre trabalhou, não só na Catalunha como internacionalmente, pelos direitos dos povos e das minorias. Por essa prática que encontrei o Ibase há mais de 10 anos e desde então temos uma boa colaboração. Também participo de uma rede chamada Euralat.

Canal Ibase: Em suas falas e estudos, você critica o imaginário homogeneizante da esquerda, que reprime as multiplicidades. Os movimentos sociais mais novos que têm surgido, como Occupy e Indignados, conseguem dar uma resposta à necessidade de um novo imaginário para a esquerda?

A esquerda europeia sonhou com uma sociedade igualitária, justa, democrática, mas seguindo os mesmos valores, modelos e instituições do imaginário europeu ocidental de direita. Isso gerou grandes problemas e muito sofrimento no mundo. Se observarmos experiências em lugares onde a esquerda tomou o poder, vemos que a sociedade avançou mais na homogeneização do que na igualdade. Aí há um desafio histórico: a esquerda pensou a transformação do mundo como processo de assimilação, calcado na tradição iluminista racionalista europeia, na utopia de igualdade para todos, isso muitas vezes violentando e destruindo formas de resistência e de organizações sociais e políticas alternativas, populares, que já existiam antes em todo o mundo e que foram interpretadas como atrasadas, como contrárias aos princípios da esquerda e da revolução. E em muitos casos se quis impor um estilo de mudança cujos objetivos finais não respeitavam a diversidade cultural, política, a história, a memória dos distintos lugares do mundo. Na época que estamos vivendo agora, temos um grande desafio comum neste mundo globalizado, com ameaças globalizadas e necessidades comuns. E este desafio é  reconhecer a diversidade como algo fundamental para a defesa dos objetivos comuns. O paradoxo é que quanto mais se globaliza o mundo e mais comuns são os desafios, mais necessidade temos de redescobrir a diversidade de caminhos. Desta tensão dialética entre o desafio comum e a diversidade é de onde sai a criatividade local e global.

Eu acredito que o futuro será duro para o mundo. Em alguns lugares mais, em outros menos, em alguns mais cedo, outros mais tarde. Mas o modelo de desenvolvimento capitalista é muito agressivo, destrói e descompõe não só territórios, mas povos, culturas, relações sociais. Então virão tempos muito difíceis, as instituições e as formas de organização social e política que conhecemos vão entrar em crise. Creio que isso vai dar lugar ao pior, mas também ao melhor. Também vai liberar o espaço social, o espaço político, para muita criatividade e muita diversidade. E aí teremos que observar as novas práticas, os novos discursos para a transformação e para a mudança e articulá-los para construir novos paradigmas. Creio que não vai haver uma proposta que englobe as demais ou que seja dominante em relação às demais, mas, a partir do reconhecimento, da ajuda mútua, da solidariedade, da reciprocidade e das trocas entre os distintos movimentos pode sair uma agenda comum e uma maneira de enfrentar os desafios. As Primaveras Árabes, os Ocuppies, os Indignados, os movimentos de defesa pela terra e pelo bem viver, antidesenvolvimentistas, novos socialismos, novas economias sociais, lutas antirracistas e antipatriarcalistas… todos são distintas expressões que vão construindo uma visão comum e uma proposta comum.

Canal Ibase: Mas é possível criar essa agenda comum com a atual fragmentação dos movimentos, como os que defendem a inclusão social e os mais voltados à questão ambiental?

É muito importante que seja feito um debate social, político e popular amplo. Existem dois caminhos. O primeiro que pretende conseguir a melhora da qualidade de vida, o progresso e o bem viver da maioria da sociedade seguindo um padrão de consumismo que transforma cidadãos em consumidores massivos do grande mercado capitalista, o que gera muitos problemas. No segundo prevalece o crescimento de bens comuns, da educação, da saúde, da cultura, da moradia digna, da prosperidade nas áreas rurais por meio do apoio à economia rural familiar de qualidade, das novas tecnologias de e para a sustentabilidade, que podem, por exemplo, compatibilizar o desafio da mobilidade com o respeito ao meio ambiente e à terra. Enfim, há um campo imenso de crescimento que pode gerar bem estar e qualidade de vida muito diferente do modelo de crescimento que pretende gerar bem estar por meio do consumismo, da mobilidade contaminante, da produção de alimentos contaminados por agrotóxicos, do uso extensivo e massacrante da terra e por aí vai. E não há oposição quanto a isso entre os movimentos. São dois caminhos distintos para chegar ao bem estar, mas em ambos o ambiental e o social não estão apartados. Então é uma falácia dizer que existe qualquer incompatibilidade.

Canal Ibase: O que vemos hoje, principalmente na Europa, onde a crise está mais acirrada, é um aumento das políticas de austeridade, que vão de encontro a esse caminho que privilegia os bens comuns. É possível estimular o crescimento das formas coletivas de bem estar com orçamentos restritos?

Esse é um debate ideológico, há distintas maneiras de questionar a crise. A crise é provocada por muitas razões, sendo a principal delas o crescimento ilimitado do capital financeiro e da economia não produtiva, e portanto a geração de riqueza falsa, sem nenhum fundamento na economia real,  possível graças à corrupção na relação entre o mundo político e financeiro. É uma crise que foi provocada pelo próprio capitalismo para poder introduzir feitos ideológicos e políticos que até então não havia conseguido introduzir, como a precarização do mercado de trabalho, a perda de qualidade de vida de uma grande maioria da cidadania que está mais precária e vulnerável ao mercado capitalista, dando ao capital melhores condições para impor seu modelo. Tem sido uma crise de reorganização global do capitalismo para retomar taxas de lucro em lugares onde estavam reduzidas, privatizando todo tipo de políticas e serviços públicos que podem ter rentabilidade econômica passem a mão do setor privado. A crise financeira dos Estados não é senão uma estratégia para que o dinheiro da produção, dos impostos, dos trabalhadores, passem à mão dos bancos, em vez de ir para os serviços públicos, de modo que a taxa de transferência da riqueza da população à economia financeira seja a maior de todas.

Canal Ibase: Como se enfrenta esse situação?

A partir da construção de uma nova esquerda que confronte e discuta não só o neoliberalismo, mas também a política socialdemocrata que abriu espaço para tudo isso na Europa, porque os partidos sociais democratas foram os grandes responsáveis por esse processo de crise. Desde logo, devemos  defender que a institucionalidade política volte a fortalecer as políticas públicas, o investimento público, a economia pública. Não devemos pagar uma dúvida que não é nossa, devemos nos negar a entrar na lógica capitalista da crise, só assim a riqueza dos trabalhadores poderá voltar às finanças públicas e gerar riqueza, empregos e crescimento de bens comuns. Conseguir que a política volta a imperar sobre a economia e as finanças. Isso requer uma nova esquerda. E essa nova esquerda só pode sair dos novos movimentos sociais que estão questionando a política e a economia como estão agora. É um processo de médio prazo.

A mudança virá da força coletiva, dos movimentos sociais que se autonomizam do Estado, dos partidos e da instituições e que criam uma proposta de retomar o espaço público. Isso permite um novo nível de auto-organização da sociedade que passa a ter capacidade de ser um ator político democrático e, a partir daí, instituir novas esquerdas que serão capazes de uma transformação nos Estados em favor dos bens comuns e públicos e cortar a relação perversa com a economia capitalista e financeira. Tudo isso vai gerar uma transformação tão profunda nos Estados que eu creio que nas próximas décadas já não teremos mais Estados nacionais como hoje. Passaremos épocas difíceis, teremos que dar passos atrás para dar outros adiante, viveremos o melhor e o pior, veremos emergências de neofascismos, mas também veremos a emergência de processos transformadores muito interessantes.

Canal Ibase: Você acredita que caminhamos para uma realidade onde não haverá mais Estados nacionais, mas a emancipação da Catalunha tem sido uma das lutas mais fortes na Espanha. Como explicar isso?

Os Estados nacionais na Europa têm sido superados pela complexidade social e pelas instituições supranacionais políticas ou financeiras, que os tornam estruturas frágeis. No caso espanhol, o Estado não conseguiu dar conta da sua própria pluralidade, não foi capaz de reconhecer e incorporar sua pluriculturalidade, seu plurilinguismo, etc. É um Estado com graves crises de legitimidade, especialmente quando surgem casos de corrupção,  crises econômicas e políticas. O movimento pela autodeterminação da Catalunha é muito antigo, foi inclusive um ator na luta contra o franquismo. Atualmente, está formado pelos independentistas de sempre e por uma outra parte da população, que não fazia parte do movimento, mas que já opta pela independência porque não aceita um Estado governado pela direita e em plena regressão democrática. Em lugar de reconhecer a diversidade catalã, esse Estado está indo contra isso. Então o povo catalão vê no processo de independência uma oportunidade de mudança, uma oportunidade de construir  um novo modelo de política. Contudo, o desafio é que, a partir da crise e da oportunidade de independência, se consiga efetivamente experimentar uma radicalidade democrática, aplicando os princípios de justiça social e ambiental, fazendo frente ao modelo de capitalismo atual.

Canal Ibase: Mesmo com o aumento dos movimentos populares na Europa, os governos dos países europeus são cada vez mais conservadores. Da mesma forma, após a Primavera Árabe, elege-se uma pessoa de cunho conservador. Por que há esse descolamento entre a vontade popular e as políticas expressas pelos governos?

No caso dos países árabes é diferente. No Egito, por exemplo, o partido Irmãos Muçulmanos, força política que foi eleita e está agora no poder, faz parte de um movimento histórico de oposição democrática ao regime de Mubarak e ao colonialismo. Quando há uma fratura no governo, sendo uma força histórica da oposição real e tendo uma base popular muito ampla, é quase certo que esta força assuma o poder.

No caso da Europa, há razões fundamentais para o que ocorre. Uma delas é que os novos movimentos sociais têm uma desconfiança e uma crítica em relação a todo o sistema político, esquerda institucional inclusive, pela qual eles não se sentem representados, então o desgaste não é só para a direita. Todavia, é um movimento que não amadureceu ainda o suficiente para gerar novas ações políticas, uma nova esquerda. Eu creio que isso vai ocorrer. Como eu disse, a mudança vai partir de movimentos autônomos em relação a partidos, a instituições políticas tradicionais. Contudo, a expressão política disto, que inclui ocupar espaços institucionais e participar de eleições, ainda não chegou, e a atual já não serve, então há um vazio. Por outra parte, a ideologia conservadora, toda a campanha política e cultural do neoliberalismo no mundo, teve êxito, se criou uma sociedade consumista e conservadora que defende o status quo. Mesmo que isso signifique uma política repressiva contra a dissidência. E isso vai chegar aqui no Brasil.

Canal Ibase: O que explica o fracasso da esquerda nesse contexto?

Na Espanha, por exemplo, quem começou a aplicar as políticas neoliberais foi o partido socialista, foi a social democracia. Com isso, ela perdeu sua raiz ideológica, cultural e política e se desconectou dos movimentos sociais tradicionalmente de esquerda, de modo que se enfraqueceu. O caminho da direita sempre foi mais coerente, então ela consegue manter o seu eleitorado mais fiel. Ao contrário da esquerda, que se abstém diante da decepção ou se fragmenta. A social democracia optou pelo capitalismo como modelo, e pelo desenvolvimento, porque seu objetivo é distribuir e não questionar o capitalismo ou a propriedade privada, o enriquecimento, a financeirização econômica. Então a ideia é crescer muito, gerar muita riqueza, para ter um bolo maior para repartir. Quando uma crise de crescimento e uma crise ambiental impedem que as políticas distributivas aconteçam, esse tipo de esquerda fica sem armas.

Canal Ibase: E como não ficar só na  pauta negativa, anticapitalista?

Isso que estamos tentando construir em plataformas como essa. Este é um desafio. De que estamos a favor? Qual o nosso paradigma propositivo? E é um desafio que temos agora e que precisamos compartilhar com os novos movimentos sociais. Esse é o passo que nos falta, construir as propostas de uma mudança efetiva.

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