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Espetáculos de resistência

22 de julho de 2013

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Camila Nobrega e Rogério Daflon
Do Canal Ibase

O lúdico conquistou espaço nos atos realizados neste fim de semana. Para quebrar a dureza do enfrentamento quase diário com a Polícia Militar do Rio de Janeiro, manifestantes lançaram mão da criatividade na hora de protestar e reivindicar. No sábado (20/07), na Vila Autódromo, comunidade de Jacarepaguá sob ameaça constante de remoção pela prefeitura, os moradores discursaram duramente contra o poder público, mas também usaram o bom-humor. Uma das marchinhas mais famosas do carnaval carioca os ajudou a dar o recado: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Já no domingo a Lapa assistiu a uma revitalização muito além da propalada pelo poder público. O bairro foi tomado durante todo o dia por performances artísticas, debates e a comprovação de que a arte é um instrumento poderoso de conscientização.

Vila Autódromo pede fim das remoções. Foto: Naldinho Tranquilo

Presidente da Associação de Moradores da Vila Autódromo (que vem recebendo constantes ameaças de remoção por parte da prefeitura), Altair Antunes disse que o engajamento dos moradores na manifestação do último sábado mostrou a força da comunidade. Acompanhado por mais de cem PMs, o trajeto do protesto foi longo, e sugeria uma procissão, com início  na Avenida Abelardo Bueno, passando pela Estrada dos Bandeirantes e terminando no Projac, da Rede Globo. Foram quatro horas de protesto em que a população se mostrou incansável.

– Fizemos um ato contra as Organizações Globo, que nos chama de invasores sem ouvir nossos argumentos. A Vila Autódromo está consolidada há 40 anos, e as famílias têm documentos de concessão de uso por 99 anos dado pelo próprio governo do estado – disse Altair.

Os protestos mais contundentes se mesclavam com rimas e refrões parecidos com aqueles do tempo em que tinha povo no Maracanã: “Não é mole não, a Rede Globo apoia a remoção”, gritavam alguns. “Ô, Paes, seu m…, removeu muito mais do que o Lacerda”, completavam outros.

O fantasma da remoção da Vila Autódromo tem aterrorizado as famílias ali. Durante a manifestação, a diarista  Maria do Socorro ressaltava a dificuldade de se erguer uma casa.

– Eu e meu marido morávamos num cubículo em Copacabana, perto da casa de máquina dos elevadores num prédio em que ele era porteiro. De repente, por economia de custo, resolveram demiti-lo. Ficamos sem casa de um dia para o outro, até que fomos para a Vila Autódromo onde construímos uma casa há 15 anos. Pouca gente nessa cidade imagina como é ficar sem moradia. E o que temos por parte do prefeito é sempre a intenção de remover, nunca de dialogar.

Altair Antunes reforça as palavras de Maria Socorro ao frisar que o fato de o próprio prefeito Eduardo Paes estar constantemente anunciando a remoção tem feito muito mal a idosos e crianças.

– Isso faz mal a todo mundo, mas os mais novos e os mais velhos são os que sofrem mais com essas ameaças. Eu sei o que é isso. Quando tinha 14 anos, sofri minha primeira remoção, quando morava na Favela Caiçaras, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Minha família foi posta num caminhão e, como não tinha sequer janela onde eu estava sentado, fomos sendo levados para a Cidade de Deus sem ao menos eu entender que caminho era aquele. Chegando lá, o que minha família viu foi um lugar totalmente sem infraestrura, sem mercado, sem farmácia, sem escola, sem nada.

A manifestação passou por outra comunidade próxima à Vila Autódromo: Asa Branca. Para Altair, não vai demorar muito para que eles também sofram ameaça de remoção.

– Por isso, passamos por lá. Sabemos que não é fácil esse processo. Há 20 anos estamos sendo ameaçados, e não vemos no Judiciário uma disposição para resolver o problema, preferindo não se desgastar com o poder público. Mas, como nosso movimento não é de agora, vamos continuar resistindo.

Ocupa Lapa reúne arte e política

Grupo Zanzar faz roda de coco no Ocupa Lapa. Foto: Camila Nobrega

Na Lapa, o lugar de resistir foi a rua, já que, no domingo, bares e restaurantes estavam mais vazios do que o normal. Um mês após o bairro ter se transformado em campo de guerra, com manifestantes encurralados por bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, os sons ouvidos eram outros. Desde às 10h, o movimento Ocupa Lapa levou às ruas crianças, jovens e idosos. No final da manhã, instrumentos de sopro e percussão atravessaram as ruas principais dando o tom de um cortejo fantasiado e bem-humorado do bloco do Nada, que tem comparecido a vários protestos. Logo depois, saias coloridas e rosas no cabelo deram o aviso para o início da roda de coco do grupo Zanzar, juntando cerca de 200 pessoas sob o som de alfaias, atabaques e ganzás, instrumentos típicos do ritmo nordestino.

A criatividade ali cumpria o papel de deriva frente a um momento tão árido pelo qual a cidade passa. E o cenário na Lapa deste domingo era reflexo desse paradoxo entre a arte e violência. Na ponta de barbantes pendurados delicadamente nas árvores estavam balas de borracha recolhidas pelos manifestantes e envoltas em notícias de jornal. Embaixo dos Arcos, um dos cartões postais da cidade, rastros vermelhos de tinta e guarda-chuvas furados representavam a truculência policial e os manifestantes feridos, em passos de dança do coletivo Maré Vermelha. A noite, enquanto bandas faziam shows em um palco improvisado ao lado do que receberá o papa Francisco, imagens das ações desproporcionais da Polícia Militar nos últimos protestos eram projetadas pelo artista Ierê Ferreira.
O debate do dia foi realizado no chão, com cerca de 300 pessoas sentadas em círculo, como a boa e velha imagem de uma ágora. Uma das falas mais fortes foi do coordenador do Observatório de Favelas, Jailson Souza:
– Homicídios de brancos caíram 23% nos últimos anos. Mas os homicídios de negros cresceram os mesmos 23%. Temos uma cidade dividida, antidemocrática e isso está estourando nas ruas. E muita gente já convive com a violência diariamente. Agora o asfalto está descobrindo os excessos cometidos pela polícia na favela.
O sociólogo Giuseppe Cocco, que estuda o conceito de multidão de Antônio Negri, também fez sua fala ali, sentado no chão, em roda. Levou a discussão para um panorama político mais amplo:
– Temos que lembrar que essas manifestações tiveram início pouco depois de seis meses após as eleições municipais. O PT se achava blindado por um momento econômico positivo, mas o povo está mostrando que não aceita mais qualquer tipo de coalizão e está negando as alianças com o PMDB na cidade e no estado. Há outras formas de representação política sendo fundadas nas ruas.Para o teórico, os protestos afirmam uma democracia radical articulada entre as redes e as ruas.
Trata-se de uma autoconvocação para debates nas redes sociais e de uma capacidade nova de se articular para enfrentar a repressão e construir espaços urbanos de diálogo. Fora do controle do poder público, o povo carioca está fazendo sua própria revitalização da Lapa e do resto da cidade.

Intervenção artística contra a violência policial. Foto: Camila Nobrega

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