Rio de Janeiro registra mais estupros do que o Paquistão
Ana Redig,
Jornalista do Ibase, editora da revista Trincheiras
O Rio de Janeiro tem o tamanho da Dinamarca, a população da Holanda e um índice de estupros maior do que o do Paquistão. A afirmação é de Roberto Stelling, fundador da Vizuwow, start up de visualização de dados. Ele acaba de divulgar um mapa dinâmico mostrando os números de ocorrências de estupro no estado do Rio de Janeiro.
O mapa foi desenvolvido utilizando dados públicos, disponíveis no site do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP). A diferença é que o Instituto apresenta essas informações em planilhas Excel e arquivos PDF, de difícil compreensão e comparação. “A visualização dinâmica, que nesse caso é apresentada em forma de mapa e gráfico, facilita a leitura dos dados por qualquer pessoa e também é uma ferramenta para o pesquisador”, afirma Stelling.
O especialista considera a clareza na apresentação das informações essencial. “Especialmente quando se trabalha com dados relevantes para promover políticas públicas eficientes, a transparência não basta. É preciso trabalhar os dados para gerar informação de qualidade, apresentadas de forma clara e compreensível para todos.”
De acordo com Stelling, o olho humano percebe as áreas de cor mais intensa como sendo o local com maior ocorrência. “Por isso é fácil para qualquer pessoa perceber as diferenças entre as áreas e comparar os índices ano a ano”, explica. O mapa apresenta os registros de estupro no estado em 2013, 2014 e 2015.
O Rio de Janeiro apresenta índices de estupro pra lá de alarmantes. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2015, com dados de 2014, o estado com maior número de registros de estupros no país é Roraima, com 55,5 ocorrências por 100 mil habitantes. O Rio de Janeiro ocupa o 11º lugar, com 34,5 registros por 100 mil habitantes, acima da média brasileira que é de 23,5 registros por 100 mil habitantes. No Paquistão este índice foi de 28,8 estupros por 100 mil habitantes. “Esse dado é ainda mais chocante se considerarmos que cerca de 65% dos crimes sexuais não são registrados”, observa Roberto Stelling.
OBS: A segurança pública no Rio de Janeiro não é organizada por municípios. São três níveis de cobertura e apuração. A maior cobertura é das RISPs (Regiões Integradas de Segurança Pública), que definem a articulação regional e territorial entre a PMERJ e PCERJ. O Rio é dividido em sete regiões, sendo que o município do Rio de Janeiro possui duas regiões: Zona Sul, Centro e parte da Zona Norte e Zona Oeste e parte da Zona Norte. As outras regiões englobam vários municípios. A segunda camada é formada pelas AISPs (Áreas Integradas de Segurança Pública). São 39 AISPs no Rio de Janeiro que correspondem à área de atuação de um batalhão da PMERJ. A terceira camada é formada pelas CISPs (Circunscrições Integradas de Segurança Pública) que correspondem a uma delegacia da PCERJ. Atualmente há 138 CISPs no Rio de Janeiro.