Sociedade civil sai em apoio a Sílvio Porto
Camila Nobrega
Do Canal Ibase
Difamação é um termo jurídico. Significa atribuir a alguém fato ofensivo à sua reputação, geralmente com intenção de torná-lo passível de descrédito na opinião pública. Cerca de cem organizações da sociedade civil estão caracterizando as acusações feitas ao diretor de Política Agrícola da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto, justamente desta forma. As entidades lançaram uma carta questionando o teor de validade das denúncias e ressaltando o papel do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no estímulo à agricultura familiar do país. O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) também se manifestou, pedindo esclarecimentos sobre o caso e afirmando que Porto, que é agrônomo, tem uma trajetória de compromisso com a inclusão social da agricultura familiar, a agroecologia e a segurança alimentar e nutricional.
A polêmica começou quando uma reportagem da Revista Veja apontou Porto como suspeito de envolvimento com uma quadrilha que desviaria recursos do Fome Zero. De acordo com a reportagem, a Operação Agro-Fantasma, da Polícia Federal, teria detectado que o PAA seria alvo do esquema de corrupção. A versão circulou nos grandes meios de comunicação tradicionais. Enquanto isso, organizações da sociedade civil que há anos acompanham o programa movimentavam-se em busca de mais informações. Uma das primeiras medidas foi feita pelo próprio Sílvio Porto, para que a juíza federal responsável, Bianca Arenhart da Cunha, do Paraná, abrisse o processo. Ela negou, sob o argumento de que o nome de Porto “não consta como indiciado, diretamente investigado ou mesmo abarcado por quaisquer das medidas constritivas determinadas”. No despacho, a juíza afirma ainda que contra Sílvio Porto não foi determinada prisão, busca e apreensão, afastamento de seu cargo e até mesmo condução coercitiva.
O parecer da juíza causou ainda mais revolta, já que, três dias antes, ao prestar depoimento na Polícia Federal, em Brasília, o diretor da Conab havia sido comunicado pela delegada que estava indiciado, acusado de cometer quatro crimes. E, no momento em que foi chamado para depor, foi à delegacia conduzindo seu próprio carro, mas acompanhado por um policial. A falta de informação está sendo duramente criticada pelas entidades comprometidas com a segurança e soberania alimentar, uma vez que o PAA ganhou importância significativa no cenário da agricultura familiar brasileira e da promoção da agroecologia. Segundo números do Consea, em 2003 participaram do PAA cerca de 41 mil agricultores, enquanto em 2012 este número subiu para 181.860 mil agricultores e agricultoras familiares, assentados da reforma agrária, povos indígenas e povos e comunidades tradicionais. Foram adquiridas 7 mil toneladas de alimentos em 2003 e 529 mil toneladas em 2012, quando foram atendidas 22.369 mil organizações.
Para Vanessa Schotz, que integra a comissão do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar (FBSSAN), o mais grave foi a publicação de denúncias contra Porto por veículos de imprensa, sem que nem a própria juíza responsável tenha confirmado o indiciamento.
– Nós conhecemos a trajetória de retidão de Porto. No mínimo, precisamos aguardar o resultado da investigação. Mas queremos afirmar que, ao contrário do que vem sendo dito, o PAA foi uma grande conquista da sociedade brasileira, com apoio à organização da agricultura familiar, estímulo à produção diversificada, inclusive de alimentos agroecológicos e a dinamização do mercado local. Em um cenário de expansão do agronegócio, o PAA foi essencial para o fortalecimento de pequenos produtores.
Diva Luisa De Luca
14 de outubro de 2013 @ 11:41
Essa matéria de esclarecimento precisa de divulgação ampla. Vou repassar para os meus amigos.